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«Caderno Afegão», por Alexandra Lucas Coelho
«Este livro é um acto de coragem. É um acto de optimismo, também.
Paul Theroux explica na introdução a "O Velho Expresso da Patagónia" que "os viajantes são essencialmente optimistas, ou então nunca iriam a lado nenhum".
É esse optimismo que permite a Alexandra Lucas Coelho afastar quaisquer receios com uma espécie de fatalismo paradoxalmente empreendedor: "não há nada a fazer". Mesmo quando por instantes se lhe infiltra na mente a dúvida acerca do desconhecido que a certa altura a transporta, sabe-se lá para onde, numa terra onde "um estrangeiro é um acepipe". "Não há nada a fazer." E a viagem continua.
Vamos com ela aos jardins de Babur. Descobrimos com ela – num país masculino, onde até na morgue há frigoríficos distintos para os cadáveres de homens e mulheres – a herança da extraordinária rainha Gowar Shad. Mergulhamos o olhar no azul intenso de Band-e-Amir, um milagre atribuído a Ali, primo e genro do Profeta, que continua a proporcionar a quem o visita os bens mais escassos num país em guerra: tranquilidade e alegria.
Aquilo que aqui, a ocidente, a milhares de quilómetros de distância, é apenas um borrão sem nome, uma massa de ideias vagas e de lugares-comuns, geopolítica e geoestratégia, toma a forma de gente concreta, ganha contornos, espessura, rosto. O facto de Alexandra Lucas Coelho escrever tão bem faz o resto. É o meio de transporte em que viajamos por um lugar aonde, é quase certo, nunca iríamos de outro modo.»
(do prefácio de Carlos Vaz Marques)
Acompanhou-me nos últimos dias e acabei de o ler há momentos. É um livro belíssimo , que vale a pena ser saboreado.
Alexandra Lucas Coelho, jornalista do «Público», escreveu «Caderno Afegão», obra na qual relata a sua experiência (única) no Afeganistão, em Junho de 2008.
Numa altura em que o Afeganistão é, cada vez mais, o país chave para se perceber como irá correr o resto do mandato de Obama, aqui fica a sugestão de leitura, no CASA BRANCA.
A edição (muito bonita) é da Tinta da China.