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Histórias da Casa Branca: O regresso do centro


Texto publicado a 9 de Junho no site de A Bola, secção Outros Mundos:

O regresso do centro

Por Germano Almeida


«Há sinais de vida para o centro político nos EUA. Apesar da radicalização do discurso «anti-Washington», que tem dominado a agenda no último ano, os resultados das primárias desta terça-feira, na corrida para as «midterms» de Novembro, mostraram que ainda não é obrigatório ir a reboque dos extremos para vencer eleições na América.

Entre várias disputas de relevo, havia uma grande expectativa em relação ao que se iria passar na Califórnia – o estado de maior expressão eleitoral dos EUA.

Se, do lado democrata, os «pesos pesados» Jerry Brown e Barbara Boxer eram nomes confirmados, do lado republicano havia muitas dúvidas sobre se as candidatas que representam uma certa moderação no GOP (Carly Fiorina e Meg Whitman) iriam conseguir bater os seus opositores.

A verdade é que tanto Fiorina, na corrida para o Senado, como Whitman, na disputa pelo cargo de governadora, obtiveram vitórias claras. Carly Fiorina, 55 anos, esteve na shortlist de John McCain para ser vice-presidente no ticket presidencial de 2008 e confirmou ser uma das rising stars do Partido Republicano, ao bater, folgadamente, o antigo congressista Tom Campbell, por 57-22.

Antevê-se, assim, uma disputa muito interessante, em Novembro, entre a antiga CEO da Hewlett Packard (que nos anos 90 também foi vice-presidente da AT&T) e Barbara Boxer, senadora democrata pela Califórnia desde 1993, pela vaga no Capitólio até 2016.

Meg Whitman, 53 anos, antiga CEO do ‘eBay’, venceu claramente Steve Poizner (64/26), na corrida pela nomeação republicana ao governo do estado da Califórnia – e vai disputar, em Novembro, o posto actualmente ocupado por Arnold Schwarzenegger, tendo o experiente democrata Jerry Brown (antigo governador e actual procurador-geral da Califórnia) como opositor.

Os sucessos de Carly Fiorina e Meg Whitman sinalizam um regresso a uma certa visão executiva e empresarial que os republicanos tradicionais gostam de premiar – e que, nos últimos meses, estava a ser ultrapassada pela excessiva radicalização do discurso do GOP.

O ‘sprint’ de Blanche Lincoln
No campo democrata, foi também muito significativo o triunfo de Blanche Lincoln, 49 anos, senadora pelo Arkansas desde 1998. As sondagens apontavam para um grande risco de Blanche vir a perder para Bill Halter (vice-governador do Arkansas).

Mas Blanche Lincoln (que chegou a senadora com apenas 38 anos) vai mesmo poder lutar pela reeleição em Novembro, dado que bateu, na recta final e já à segunda volta, o seu opositor nas primárias democratas, por 52-48 -- numa diferença de apenas dez mil votos.

Halter tinha o apoio dos liberais, dos sindicatos e de grupos de esquerda que começam a ficar desiludidos com o tipo de governação da Administração Obama. Falta saber se a vitória de Blanche Lincoln ajudou a travar esse sentimento «anti-Washington» ou apenas adiou a derrapagem democrata em Novembro – é que, no duelo com o republicano John Boozman, Blanche está a mais de 15 pontos de distância.»